Errata

Com minhas mãos amedrontadas, te amo. Com meu beijo sem fome, te amo. Com toda a minha distância, te amo. Com meu olhar lacônico, te amo. Com meus pés que machucam enquanto dançam, te amo. Com minha insônia preocupada, com minha fome que por vezes me torna um gremlin odioso, com todas as minhas dúvidas, não resta dúvida nenhuma que te amo.

Com minha falta de jeito, te amo. Com minhas respostas atravessadas, te amo. Com minha falta de memória, te amo. Com meu mau gosto para presentes, amo você. Com minha claustrofobia que não sabe dormir abraçada, com meus horários loucos, minhas manias por escadas, com minha teimosia de velha ceguinha, amo você.

Comendo as pontas das minhas canetas, roendo o dorso das unhas, distraidamente te amo. Com meus pesadelos noturnos, minhas coleções incompletas, minha carência no frio, meu cabelo em ondas revoltas, te amo. Com minha letra que é sempre uma prima distante de si mesma, escrevo que amo você, torcendo para que você me entenda.

Com minha saudade desenfreada, te amo. Com minhas roupas espalhadas pela casa como se fossem pombos, te amo. Com minha incapacidade para abrir embalagens, te amo. Com meus erros de português, minha língua desenfreada, meu sono impróprio quando seu corpo é teso, te amo. Com meu palavreado chulo nas curvas da raiva, com minha resistência tibetana em pedir desculpas, te amo. Com todos os meus erros, defeitos e tropeços pela vida, te amar foi meu maior acerto.

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