Vinte e Quatro

Hora um, te esperar. Braços abertos, prontos para o maior abraço do mundo. E não é que você cabia certinho no meu peito? Seus olhos me engoliram. Amor.

Hora dois, te olhar. Dois centímetros do seu rosto, como se o ar da sua respiração fosse todo o ar em volta. Beijo. Hora três, silêncio. Te escutar como quem busca um grilo. Atento.

Hora quatro, desbravar. Cada cantinho delicado. Hora cinco, o riso. Você ainda é a minha droga preferida. Hora seis, aprender. Jamais apressar seu banho demorado.

Hora sete, caminhar. E eu caminharia o mundo inteiro com você, de mãos dadas. Hora oito, mostrar. Tudo o que eu vejo de grandioso pelo mundo também é seu. Hora nove, devagar.

Sentir seu gosto e colar bilhetes para jamais esquecer. Hora dez, você e eu e o mundo, gigantes. Hora onze, todas as canções tristes que eu fiz pra você enquanto não o tinha. Hora doze, a loucura. Treze, euforia. Quatorze, na multidão, você, a minha casinha de janelas brancas.

Hora quinze, sua mão encontra a minha. Dezesseis, a aventura. Eu lutaria uma guerra inteira contigo, com todas as minhas armas.

Dezessete, vontade. Te beijar é meu vício e não passa e não passa, jamais passará. Dezoito, acalmar teus monstros na cama antiga do meu tronco. Dezenove, seus cabelos dançando entre meus dedos.

Vinte, dormir, como se você tivesse estado pra sempre ali, do lado direito da cama. Vinte e um, te digo algo curtinho, com o resto de consciência que há em mim. Vinte e dois, você cala meus monstros.

Vinte e três, o sonho. O deus sobre a montanha mostra o caminho até as águas douradas que correm ao contrário. Vinte e quatro, te acordar. Ver os seus olhos se abrindo devagarinho, como um álbum antigo. Você ainda está lá. E eu sempre estarei lá contigo. Hora um, te esperar. Braços abertos.

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