Reencontros

Oi, eu voltei e queria dizer que você fez uma falta danada — e ela sorriu em resposta. Foi exatamente isso que aqueles olhos disseram, não depois de uma semana, ou meses sem se verem, aqueles dois nunca tinham se visto na vida. Ou pelo menos nessa. Ao que sentiram ali não cabia se apresentarem, se reconheceram. Daquele tipo de mágica que acontece uma vez e nunca mais passa.

Deitou-se em seus ombros como quem deita na areia da praia após um naufrágio, a salvo. Foi tudo o que pôde pensar após uma vida inteira sem aquele cheiro. O cheiro dela. Eu também senti saudades. Tanta, tanta! — e ele se enfiou em seus cabelos. Aqueles véus de acalmar pensamentos, naquele tempo que só existia na companhia dela, no riso dela que parecia a cura para males diversos.

Promete que não faz mais isso? Perdi as contas de quanto tempo fiquei esperando — e ela tentou justificar que mulher demorava mesmo pra ficar pronta. Foi só aí que ela entendeu seus gostos, manias, que nada condiziam com a criação ou os amigos que teve. Ela havia aprendido a gostar de tudo aquilo com ele, da última vez que se viram. E com tudo o que aprendeu antes com ela, ele também pode fazê-la feliz. Nem todo mundo pode ter essa chance.

E da primeira vez que pegaram juntos a estrada, sem pressa, sem roteiro direito, perceberam que aquele caminho já havia sido feito. Não era a primeira vez que seguiam juntos. Nem a última em que ela lhe abraçava as costas. Se você não quer que eu demore, por que não fica junto comigo de vez? — e ele teve medo por dois ou três segundos. Abandonar tudo? Mas logo entendeu que não havia mais nada sem ela.

Para Rogéria e Marco, que mais uma vez se reencontraram.