Morrer de amor
Não é segredo que nós morreremos de amor. Não será pela pressa de um carro da avenida sobre nosso pensamento distraído, nem por causa da preguiça de nossos pulmões, nem uma bala com olhar perdido, nem pelo sarcasmo de uma abelha africana, meteoro, meteorito ou avião. Será de amor. Como nas canções da Piaf.
Desconheço o “meio amar”, “meio gostar”, “curtir com leveza”. A gente não confessa, mas gosta da intensidade, da taquicardia, do ar faltando entre os beijos e o que se tenta dizer, na separação silábica das línguas. A gente vive repetindo isso, invocando a tal calma, esperando que ela venha junto com as dores nas costas. E lá estará você, de andador correndo louca atrás de outro velhinho charmoso.
Ferramos com tudo da última vez, melhor ir com calma agora, escolher direito, frear as escovas de dente que parecem gostar também de morar juntas. Morreremos de amor, porque não sabemos consumi-lo em pequenas doses, com parcimônia, como um licor. Bebemos indiscriminadamente como vinho tinto, até perder os sentidos, até doer a cabeça e prejudicar o fígado.
Meu amigo Isaac, meu superego inveterado, está lendo isto agora com aquela cara de quem não entendeu a apitada do juiz. É falta, falta grave de inteligência emocional! É ele quem sempre me diz — Vá devagar! Calma, respira! Não se mude para a casa dele só porque você já aprendeu o caminho — Isaac sabe que eu bem poderia escolher sofrer uma hilaridade fatal, mas só haverão quatro letras em minha certidão de óbito. Amor.
Fingimos escutar, fingimos concordar, mas nosso corpo persegue o abismo, segue dançando, atrás do som de uma flauta qualquer. Lindamente desobediente. Preferiram dar ouvidos, não a Isaac, mas à conversa fiada de Quintana. “Bom mesmo é morrer de amor e continuar vivendo”, cafona, inquilino da cova vizinha e repleto de razão.
Desconheço o “meio amar”, “meio gostar”, “curtir com leveza”. A gente não confessa, mas gosta da intensidade, da taquicardia, do ar faltando entre os beijos e o que se tenta dizer, na separação silábica das línguas. A gente vive repetindo isso, invocando a tal calma, esperando que ela venha junto com as dores nas costas. E lá estará você, de andador correndo louca atrás de outro velhinho charmoso.
Ferramos com tudo da última vez, melhor ir com calma agora, escolher direito, frear as escovas de dente que parecem gostar também de morar juntas. Morreremos de amor, porque não sabemos consumi-lo em pequenas doses, com parcimônia, como um licor. Bebemos indiscriminadamente como vinho tinto, até perder os sentidos, até doer a cabeça e prejudicar o fígado.
Meu amigo Isaac, meu superego inveterado, está lendo isto agora com aquela cara de quem não entendeu a apitada do juiz. É falta, falta grave de inteligência emocional! É ele quem sempre me diz — Vá devagar! Calma, respira! Não se mude para a casa dele só porque você já aprendeu o caminho — Isaac sabe que eu bem poderia escolher sofrer uma hilaridade fatal, mas só haverão quatro letras em minha certidão de óbito. Amor.
Fingimos escutar, fingimos concordar, mas nosso corpo persegue o abismo, segue dançando, atrás do som de uma flauta qualquer. Lindamente desobediente. Preferiram dar ouvidos, não a Isaac, mas à conversa fiada de Quintana. “Bom mesmo é morrer de amor e continuar vivendo”, cafona, inquilino da cova vizinha e repleto de razão.
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