Lírios

Hoje é a precaução que tenta te parar, amanhã será o medo. Intercalados, confundíveis, ambos tentarão, mas não pare. Não lhes dê ouvidos. Hoje o passado tentará te manter consigo, lá atrás. Amanhã será o futuro que te assustará. Ambos tentarão te impedir de caminhar no presente, mas não pare. Você já é maior do que foi no passado e o amanhã não é nada sem ti, existindo nele, cintilando sua verdade.

Hoje a preguiça vai tentar te parar, amanhã, a acomodação. Juntas elas colocarão uma pedra por dia sobre seu corpo, formando um túmulo, ou ao menos tentando. Não deixe-se soterrar. Lerdas que são, levarão mil anos para cobrir a luz. Mova-se, milimetricamente, um tantinho mais e elas não poderão construir nada que destrua sua vontade.

Hoje a impulsividade te desequilibrará, amanhã a confusão se instalará na mesma ferida. Ambas tentarão contra seus acertos, fazendo-o errar sempre no mesmo passo. Chamarão isso de karma, signo, destino, como se o controle não estivesse em suas mãos, mas está. Os abutres começam comendo a carne do que está caído, vis que são, terminam por devorar-se entre si. Não pare.

Hoje atentarão contra a sua verdade, sua fé no amor, sua paz, sua lucidez e amanhã tentarão outra vez provar que você é um deles. Mas você não é. Não importa o quão longe estejamos de casa, sempre saberemos de onde viemos. Não importa quão sujas estejam as roupas que nos vestem, nós sempre saberemos quem somos.

Apesar de tudo, mantenha-se caminhando, apesar de todos, mantenha-se curando-se, devagar e silenciosamente, de dentro pra fora. Mantenha-se ciente de que você não faz parte de nada disso. Lembre-se que os lírios ainda têm cheiro de lírio em meio à podridão, que os lírios ainda são lírios depois de arrancados do campo.

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