Roraima
O que você faria hoje se soubesse que vai morrer amanhã? Li isso num lambe-lambe que mora em uma ruazinha torta cruzamento da Augusta. Primeiro, pensei em tudo que ainda não vi, em tudo que ainda não disse, nos sabores que ainda não senti. Depois desencanei: acho que iria mesmo para o cinema, veria o último filme do Wes Anderson. Pipoca grande, por favor.
Pior do que saber que se vai, seria ter certeza que não se vai morrer no amanhã. Seríamos lançados para um conformismo lerdo, uma apatia crônica, um pragmatismo emocional do qual somos poupados graças ao dom da incerteza. É ela que faz a gente ligar, mesmo com aquele medo bobo de não ser aceito. Ela, a danada, faz a gente pegar um avião e pagar depois em doze vezes pra ver a nossa banda preferida dos anos 80. Que faz a gente dizer que ama muito, depois de um tempão sem ter dito. Não importa que você tenha se esquecido de dizer. Importa mesmo é lembrar de fazê-lo no meio de um dia comum.
Bonito mesmo é amar a partir da incerteza, de dentro dos dias mornos, por um ataque fulminante de saudade. Bonito é ter vontade de alguém como quem tem vontade súbita de sorvete de milho verde ou suco de tangerina. Bonito, mas bonito pra valer, é, ali, na fila do supermercado, chegar à conclusão de que foi comido pela boquinha da rotina, que esqueceu de demonstrar e correr para pegar uma garrafa do vinho que alguém que você ama adora. Viver é se redimir consigo mesmo.
Bonito mesmo é se arriscar, trancar um curso pelo meio, mudar de cidade, levar malas e cuias para uma vida nova ao lado de alguém que se conhece bem pouco. E se der errado? Deu ué. Mas antes, deu certo durante o tempo que foi bom. E se eu me ferir? E se eu me perder? E se. É a dúvida que faz a gente arriscar. É ela que rega abundantemente os nossos corações de espontaneidade, de verdade, de memórias em cores vivas, de vida. Bonito é viver sem dívidas consigo mesmo.
Pior do que saber que se vai, seria ter certeza que não se vai morrer no amanhã. Seríamos lançados para um conformismo lerdo, uma apatia crônica, um pragmatismo emocional do qual somos poupados graças ao dom da incerteza. É ela que faz a gente ligar, mesmo com aquele medo bobo de não ser aceito. Ela, a danada, faz a gente pegar um avião e pagar depois em doze vezes pra ver a nossa banda preferida dos anos 80. Que faz a gente dizer que ama muito, depois de um tempão sem ter dito. Não importa que você tenha se esquecido de dizer. Importa mesmo é lembrar de fazê-lo no meio de um dia comum.
Bonito mesmo é amar a partir da incerteza, de dentro dos dias mornos, por um ataque fulminante de saudade. Bonito é ter vontade de alguém como quem tem vontade súbita de sorvete de milho verde ou suco de tangerina. Bonito, mas bonito pra valer, é, ali, na fila do supermercado, chegar à conclusão de que foi comido pela boquinha da rotina, que esqueceu de demonstrar e correr para pegar uma garrafa do vinho que alguém que você ama adora. Viver é se redimir consigo mesmo.
Bonito mesmo é se arriscar, trancar um curso pelo meio, mudar de cidade, levar malas e cuias para uma vida nova ao lado de alguém que se conhece bem pouco. E se der errado? Deu ué. Mas antes, deu certo durante o tempo que foi bom. E se eu me ferir? E se eu me perder? E se. É a dúvida que faz a gente arriscar. É ela que rega abundantemente os nossos corações de espontaneidade, de verdade, de memórias em cores vivas, de vida. Bonito é viver sem dívidas consigo mesmo.
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