Perder o Voo
A voz apática da comissária imitava algo próximo da irritação. Era meu nome, era meu nome que ela gritava fechando o portão de embarque. Alguém no assento 4C esticava o pescoço sob as poltronas; ele não vem? Enquanto isso, corria eu pela cidade lerda, como se o tempo pudesse ser alcançado e convencido de desistir. Todo esse tempo, eu quis te alcançar.
Meu amigo, Vinícius, ainda pode bradar um clássico: parem este avião! Mas você não para, nem faz curva seguida de meia volta, você não espera no ar. Após lançado, ele voava pesado sem olhar para trás. Cheio de razão. Levando consigo meu espacinho espremido, minha ausência física, meu medo quem sabe oculto de voar por aí.
Impressa logo abaixo das asas, minha carta confessa de demência para itinerários: estou sempre atrasado, sempre com a cabeça em outro lugar. Uma vez me disseram que isso nem é atraso direito, que é mais outro jeito de saber voar. No que você está pensando? Estou pensando em seguir em outra direção.
Eu não quero fechar meu abraço, como quem isola um adeus entre vírgulas, ou um medo, entre pausas suspensas no ar. Eu não quero chorar com a saudade ficando miúda, luzinhas murchas da cidade que dorme sem mim. Mas eu jamais lhe culparia por me deixar. Quem fica, guarda o silêncio, quem vai leva a ausência. Você também está partindo sem mim.
Meu amigo, Vinícius, ainda pode bradar um clássico: parem este avião! Mas você não para, nem faz curva seguida de meia volta, você não espera no ar. Após lançado, ele voava pesado sem olhar para trás. Cheio de razão. Levando consigo meu espacinho espremido, minha ausência física, meu medo quem sabe oculto de voar por aí.
Impressa logo abaixo das asas, minha carta confessa de demência para itinerários: estou sempre atrasado, sempre com a cabeça em outro lugar. Uma vez me disseram que isso nem é atraso direito, que é mais outro jeito de saber voar. No que você está pensando? Estou pensando em seguir em outra direção.
Eu não quero fechar meu abraço, como quem isola um adeus entre vírgulas, ou um medo, entre pausas suspensas no ar. Eu não quero chorar com a saudade ficando miúda, luzinhas murchas da cidade que dorme sem mim. Mas eu jamais lhe culparia por me deixar. Quem fica, guarda o silêncio, quem vai leva a ausência. Você também está partindo sem mim.
Comentários
Postar um comentário